O tema da coluna de hoje é bem inusitado: engradados de
bebidas. Originalmente utilizados para o transporte de água, vinhos, cervejas e
refrigerantes, os engradados facilitaram, e muito, a ampliação do consumo de
bebidas – ele deixou de ser restrito ao local de fabricação e se deslocou para
a atmosfera domiciliar. Uma característica comum a esses utensílios feitos
artesanalmente no século passado é a presença de inscrições com o nome do
fabricante, cidade de origem e até brasões (as logomarcas de antigamente).
Divisórias internas e travessas para melhor proteger as garrafas e garantir o
equilíbrio faziam parte da estrutura.
Desafio você a adivinhar e se surpreender com a lista de
curiosidades sobre as bebidas que deram origem a esses objetos. E como ressignificar é
a nossa missão, mostro como caixotes de madeira podem ganhar uma nova roupagem.
Sobre a história dos refrigerantes
O primeiro refrigerante foi feito nos EUA. Correto? Não! Se
engana quem pensou isso. Em 1676, a bebida foi criada em Paris, na França, com
uma fórmula que continha água, sumo de limão e açúcar. E essa bebida tinha que
função? Entreter? Refrescar? Não de novo. Em 1772, o britânico Joseph Priestley
conduziu uma pesquisa acrescentando gás a líquidos e, tempos mais tarde, por
volta de 1830, a bebida começou a ser vendida para fins farmacêuticos,
envolvendo a melhora da digestão.
Até agora não mencionei os EUA nem o mais famoso dos
refrigerantes… Será que a Coca-cola também era usada para ajudar o sistema
digestivo? Acreditem: revigorar, rejuvenescer e favorecer a digestão eram as
principais finalidades dos refrigerantes até meados do século XX e, assim como
Coca e Pepsi, foram todos desenvolvidos por farmacêuticos.
Sobre a história da cerveja
Monges europeus foram os criadores da cerveja. Parece
errado, mas não é. Na Idade Média, as primeiras cervejarias foram instaladas
dentro de mosteiros na Alemanha. Os locais funcionavam como hotéis para
viajantes, que consumiam o produto. Além disso, nos períodos de jejum dos
monges, somente o consumo de líquidos era permitido. Nesses momentos, a cerveja
servia de alimento para os religiosos.
Cerveja como moeda de troca? Sim, a cerveja era uma
mercadoria muito usada para escambo e também para o pagamento de impostos.
Em relação ao manuseio e transporte, barris de carvalho e
vasilhames de couro foram os recipientes usados para as primeiras
cervejas transportadas. Por volta de 1600, descobriu-se que lacrar os
recipientes com rolhas de cortiça fazia com que as cervejas durassem mais
tempo. As rolhas também abriram a possibilidade de transportar a cerveja para
casa em engradados (olha eles aí!). Somente em 1882, já utilizando o vidro para
engarrafar, os fabricantes perceberam que a transparência das garrafas permitia
a passagem de luz, azedando a cerveja. Portanto, os vidros escuros deram lugar
aos claros.
Mas já chega de falar de bebidas, vamos aos novos usos?
Fonte: CASA COR